quarta-feira, 28 de abril de 2010

Trova do vento que passa



Adriano Correia de Oliveira



LJS e Pacman

(poema de Manuel Alegre)

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio - é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

terça-feira, 27 de abril de 2010

José Mário Branco - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades


(poema de Luís de Camões)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre, tomando sempre novas qualidades

E se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, e do bem, se algum houve, as saudades

Mas se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E em mim converte, e em mim converte em choro o doce canto

Mas se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía
Que não se muda, que não se muda já como soía

Mas se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Fernando Tordo - Tourada



Não importa Sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.

Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro aos milhões.
E diz o inteligente
que acabaram as canções.

domingo, 25 de abril de 2010

Paulo de Carvalho - E depois do adeus



Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por nós
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.

sábado, 24 de abril de 2010

Coro da Primavera (original de José Afonso)



Xutos & Pontapés



José Afonso

Cobre-te canalha
Na mortalha
Hoje o rei vai nu
Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu
Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão
Sempre à tua frente
Viste gente
Doutra condição

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

Livra-te do medo
Que bem cedo
Há-de o Sol queimar
E tu camarada
Põe-te em guarda
Que te vão matar
Venham lavradeiras
Mondadeiras
Deste campo em flor
Venham enlaçadas
De mãos dadas
Semear o amor

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

Venha a maré cheia
Duma ideia
P'ra nos empurrar
Só um pensamento
No momento
P'ra nos despertar
Eia mais um braço
E outro braço
Nos conduz irmão
Sempre a nossa fome
Nos consome
Dá-me a tua mão

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Blasted Mechanism (com Agostinho da Silva) - Start to Move




"O que acontece no Mundo é que toda a gente que nasce, nasce de alguma maneira poeta. Inventor de qualquer coisa que não havia no Mundo ainda, antes deles nascerem. E inteiramente individual. Cada um poeta que é!"

Open the book
To the big bang
Of the cosmic groove (x2)

Start to move!
Yeah!
Start to move
Start to move
Start to move

Hey!
Did you stop to think today?
Hey!
Are you sure you found the way?
Hey!
Did you stop to feel today?
Hey!
What about love?/Love is here to stay!

Do you see where you're heading?
So take a good look
Revelations are waiting
So open the book
You will see clear as water
What the past has been told
Revelations are waiting
So open the book
Open the book

Listen carefully
Start to move
To the big bang of the cosmic groove
Start a big bang
Start a big bang

Hey!
Did you stop to think today?
Hey!
Are you sure you found the way?
Hey!
Did you stop to feel today?
Hey!
What about love?/Love is here to stay!

Revelations are waiting
So open the book
So start to move
To the big bang of the cosmic groove (x2)

Start a big bang (x4)

Hey!
Did you stop to think today?
Hey!
Are you sure you found the way?
Hey!
Did you stop to feel today?
Hey!
What about love?/Love is here to stay!


"Temos como ideal, que aquele que nasceu poeta disto, daquilo ou de acolotro, não se mostre como poeta no que nasceu criado. Seja ele próprio o poema que vem da sua criatividade."

Start to Move!
To the big bang of the cosmic groove
Start to move, start to move! (x2)

Hey!
Did you stop to think today?
Hey!
Are you sure you found the way?
Hey!
Did you stop to feel today?
Hey!
What about love?/Love is here to stay!

Love is here to stay! (x2)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Doves - Kingdom of Rust



I hear a sound, a sound above my head
Distant sound of thunder, moving out on the moor

Blackbirds flew in and to the cooling towers
I'll pack my bags
Thinking of one of those hours
With you, waiting for you

My God, it takes an ocean of trust
In the Kingdom of Rust

I long to feel some beauty in my heart
As I go searching, right to the start
Hmmm
The road back to Preston
Was jutted out in snow
As I went looking for that stolen heart
For you, waiting for you

My God, it takes an ocean of trust
Takes an effort it does
My god, it takes an ocean of trust
It's in the Kingdom of Rust

Oooow in the Kingdom of Rust

I long to feel that wince in my heart
As I went looking
I couldn't stop
Now I'm waiting for you

Ooohh .............
I know it takes an ocean of trust
In the Kingdom of Rust